Uma vez modificado, para cultivo ou desprovido de sua vegetação originária, têm início a erosão, capaz de remover mil vezes mais material do que se este mesmo solo estivesse coberto. Por ano, o Brasil perde aproximadamente 1 bilhão de toneladas de solos através da erosão.
O arraste de partículas constituintes do solo se dá pela ação de fatores naturais como água, vento, ondas que são tipos de erosão, além da própria erosão geológica ou normal que tem por conseqüência o nivelamento da superfície terrestre.
Os ecologistas protestam contra a poluição do ar, dos rios e dos mares, defendem a flora e a fauna, mas raramente se preocupam com um tema da maior importância, a defesa do solo. É nele que as raízes se fixam para que os vegetais possam crescer, à custa da água e dos nutrientes disponíveis. Existe uma dependência recíproca. Sem vegetação para protegê-lo, o solo sofre o impacto direto das chuvas, cujas águas correm superficialmente causando a erosão. Arrastam a matéria orgânica essencial para o desenvolvimento das plantas e provocam sulcos que se aprofundam e algumas vezes acabam se transformando nas grandes voçorocas.
Os solos perdidos com a erosão desembocam nas nascentes de água, como rios, lagos e estuários, causando efeitos internos e externos à agricultura. Os internos são a baixa fertilidade do solo e uso cada vez maior de corretivos. Os danos externos são o assoreamento das nascentes, alagamentos, dificuldade do tratamento de água, redução na capacidade de armazenamento de água nos reservatórios e contaminação dos rios, prejudicando a produção de peixes. As conseqüências diretas e indiretas da erosão acarretam prejuízos muitas vezes irreversíveis que expressam as perdas de solo e água, quando o homem passou a explorar intensivamente os solos. Por exemplo, quando eliminou a mata começou a produzir de maneira intensiva culturas comerciais que oferecem pouca proteção aos solos, sem a preocupação do manejo racional e de medidas adicionais de preservação da integridade química, física e biológica do solo.
O uso correto dos solos é um dos principais itens dos currículos adotados nas escolas de agronomia. É importante, portanto, que todos que se dedicam e prescindem do uso da terra para sobreviver, que ao plantar lavouras ou formar pastagens peçam orientação a engenheiros agrônomos, que podem ser contratados, quando os custos de produção permitirem, ou ser consultados nos Departamentos de Extensão Rural mantidos pelo poder público.
Fatores determinantes da erosão:
Quando se fala em solos e erosão, surgem alguns fatores determinantes da erosão classificados como extrínsecos e intrínsecos:
1 - Extrínsecos:
1.1 - Naturais
Erosão pela Água
Também chamada de erosão hídrica, é o tipo de erosão mais importante e preocupante, pois desagrega e transporta o material erodido com grande facilidade, principalmente em regiões de clima úmido onde seus resultados são mais drásticos.
Gotas de chuva, ao impactarem um solo desprovido de vegetação, desagregam partículas que, conforme seu tamanho, são facilmente carregadas pela enxurrada. Usando o exemplo da agricultura, quando o agricultor se dá conta de que este processo está acontecendo, o solo já está improdutivo. A erosão pela água apresenta-se em seis diferentes formas, a seguir:
- Lençol - superficial ou laminar, desgasta de forma uniforme o solo. Em seu estágio inicial é quase imperceptível. Quando avançado, o solo torna-se mais claro (coloração), a água de enxurrada é lodosa, raízes de plantas perenes afloram e há decréscimo na colheita.
- Sulcos - canais ou ravinas, apresenta sulcos sinuosos ao longo dos declives, formados pelo escorrimento das águas das chuvas no terreno. Uma erosão em lençol pode evoluir para uma erosão em sulcos, o que não indica que uma iniciou em virtude da outra. Vários fatores influem para o seu surgimento, um deles é a aração que acompanha o declive, resultando em desgaste, empobrecimento do solo e posterior dificuldade para manejo com sulcos já formados.
- Embate - ocorre pelo impacto das gotas de chuva no solo, estando este desprovido de vegetação. Partículas são desagregadas sendo facilmente arrastadas pelas enxurradas. Já as partículas mais finas que permanecem em suspensão, atingem camadas mais profundas do solo por eluviação. Pode acontecer destas partículas encontrarem um horizonte que as impeça de passar provocando danos ainda maiores.
- Desabamento - têm sua principal ocorrência em terrenos arenosos, regossóis em particular. Sulcos deixados pelas chuvas sofrem novos atritos de correntes d'água vindo a desmoronar, aumentando suas dimensões com o passar do tempo, formando voçorocas.
- Queda - se dá com a precipitação da água por um barranco, formando uma queda d'água e provocando o solapamento de sua base com desmoronamentos periódicos originando sulcos. É de pequena importância agrícola.
- Vertical - é a eluviação, o transporte de partículas e materiais solubilizados através do solo. A porosidade e agregação do solo influenciam na natureza e intensidade do processo podendo formar horizontes de impedimento ou deslocar nutrientes para e pelas raízes das plantas.
Cobertura do Solo
Baseando-se em experiências e observações, denota-se a grande eficiência contra a erosão em solos cobertos por vegetação, a qual permite melhor absorção de águas pelo solo, reduzindo tanto as enxurradas como a possibilidade de erosão. Em áreas adaptadas à agricultura, onde o equilíbrio natural - solo x vegetação - foi rompido sem uma preocupação de contenção erosiva, seus efeitos são mais ¨sentidos¨. Em uma área com cultura cujo solo é mantido descoberto, perde-se por ano cerca de 3 a 6 vezes mais solo do que em área idêntica com vegetação densa, ocorrendo também perdas consideráveis de água no solo.
Manejo do Solo
Dependendo da cultura a ser praticada, fazem-se necessárias algumas medidas de precaução para que se controle o efeito erosivo do solo. Por exemplo, em uma cultura de cana-de-açúcar os danos podem ser minimizados preparando-se o solo e realizando-se o plantio em linhas de nível. Porém, como cada cultura requer um tratamento específico, utiliza-se também o plantio de faixas de cultura com alguns níveis de vegetação densa ou nativa intercaladas, sendo de grande eficiência contra enxurradas e erosão. Outra opção, já bastante difundida principalmente para que os nutrientes do solo se recomponham, é a rotação de culturas. Propicia uma maior cobertura, melhora as condições físicas do solo, reduz a erosão e enxurrada desde que esta área em descanso esteja recoberta por uma vegetação rasteira para que a água da chuva não impacte o solo desnudo. O plantio direto na palha também é outra técnica importante de controle da erosão.
Cobertura do solo Plantio em curvas de nível
Cobertura do solo Plantio em curvas de nível
2 - Intrínsecos:
2.1 - Topografia - declividade e comprimento da rampa
Declividade e perda de solo estão interligados entre si. Quanto maior for a declividade, maior será a velocidade com que a água irá escorrer, conseqüentemente, maior será o volume carreado devido à força erosiva.
O comprimento da rampa tem forte ligação com o aumento ou não da erosão. A medida que aumenta o comprimento da rampa, maior será o volume de água, aumentando também a velocidade de escoamento. Em alguns casos o comprimento da rampa diminui o efeito erosivo, considerando-se que a capacidade de infiltração e a permealibidade do solo reduz o efeito.
2.2 - Propriedades do solo
Grande parte do comportamento dos solos é determinada por sua textura. Solos argilosos são mais agregados, enquanto que os de textura grossa apresentam macroporos. Solos arenosos são mais permeáveis e com melhor infiltração, sendo este tipo de solo o que está menos sujeito a erosão. A estrutura do solo é instável e, através de manifestações pode modificar a textura do solo. Associadas textura x estrutura resultam porosidade e permealibidade. Solos com boa porosidade são bastante permeáveis, infiltrando a água de forma abundante e de maneira distribuída.
No que diz respeito à matéria orgânica, sua incorporação com o solo é bastante eficaz na redução da erosão. Há o favorecimento no desenvolvimento de microorganismos do solo e uma melhor penetração das raízes, o que integra as partículas do solo não permitindo o desagregamento das mesmas. Vale lembrar que todo solo sofre erosão natural, mesmo que suas propriedades estejam em equilíbrio com o meio.
Formas de evitar
- Não retirar coberturas vegetais de solos, principalmente de regiões montanhosas;
- Planejar qualquer tipo de construção (rodovias, prédios, hidrelétricas, túneis, etc.) para que não ocorra o deslocamento de terra;
- Monitorar as mudanças que ocorrem no solo;
- Realizar o reflorestamento de áreas devastadas, principalmente em regiões de encosta